Ação plástica

26 de agosto de 2016

Um dos fenômenos mais interessantes da chamada cultura de massa ou cultura pop são as action figures. Aficionados por videogames, séries de TV, histórias em quadrinhos buscam nesses objetos uma tridimensionalidade manipulável dos personagens que tanto amam. Claro que existem aqueles que acreditam que esse comportamento é fruto de alguma infantilidade mal resolvida. Esse tipo de premissa muitas vezes tem origem no desconhecimento de causa sobre o assunto, assim como grande parte dos preconceitos. Para sanar tal mal, e também para apreciá-los melhor nas vitrines das lojas, convém conhecer do que tratamos.

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Militarismo

O termo action-figure ou “figura de ação” foi utilizado pela primeira vez em 1964 pela Hasbro quando introduziu sua linha de bonecos destinados a crianças do sexo masculino os chamados G.I. Joe. Deduz-se que assim seria possível diferenciar este tipo de produto do “dolls”, bonecas, que era de uso mais corrente para figuras feitas para “crianção” do sexo feminino.

O conceito foi criado por Stan Weston, e consistia inicialmente de figuras baseadas em dinâmicas militares, exaltando as características do exército americano, instituição de grande renome em seu próprio país. Com opções de troca de vestimenta, equipamento e outros tipos de acessórios vendidos separadamente ao boneco base, esse tipo de brinquedo tinha um apelo maior a brincadeiras envolvendo ação e fantasia mais direcionados a aventura e ao perigo. Assim esse tipo de figura era uma “figura de ação” diferente das tradicionais bonecas que eram muitas vezes mais decorativas do que lúdicas em si mesmas.

Os G.I. Joes foram introduzidos no Brasil com a alcunha de “Comandos em Ação” em 1982, e posteriormente tiveram um desenho de razoável sucesso na rede Globo de televisão e depois em dois filmes live-action. As roupas eram esculpidas e pintadas no corpo das figuras e cada uma delas tomou formato e personalidades mais específicas.

É nesse formato que as Action figures se popularizaram: como bonecos articulados com os com a possibilidade de criar poses variadas e ainda, e até mesmo de trocar expressões corporais e faciais além dos objetos dos personagens.

Onírico

Com essa base conceitual é que foram difundidas por toda a cultura pop. Com a ascensão da cultura anime nas últimas duas décadas, ou seja, com a difusão por meio da internet, mangás e desenhos animados de matriz japonesa se popularizaram de tal forma que muitos fãs procuraram importar as figuras tão queridas de seu imaginário. O tempo e amplitude desse mercado, atraíram e fomentaram artesãos a produzirem esculturas que pudessem atender a essa demanda sempre crescente, até o ponto em que uma indústria antes voltada para o público infantil pudesse finalmente se expandir a ponto de também abranger o mercado adulto.

Não é exatamente uma novidade: por toda a história da humanidade, vemos que os humanos procuraram ornamentar suas habitações com figuras religiosas, civis, ou apenas belas de seres que resumiam os anseios mais oníricos presentes em suas mentes, corações e espíritos.

A indústria a que se refere acima, é a da action-figure adulta, bastante vantajosa em relação estética a manufatura de estátuas que era corrente: agora a tridimensionalidade desses seres imaginários pode ser materializada, e mais, alterada em sua movimentação de acordo com o espírito proposto por seu dono, e, quando colocadas em vitrines de vidro modulado e outros tipos de balcões de vidro, ganham um charme a mais.

Seres dos seriados como Walking Dead, Death Note, de filmes como o Scarface, ou quadrinhos como Homem de Ferro e Batman estão, literalmente, ao alcance das mãos.